quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Vida Fractal

Fractal é um objeto geométrico composto de uma estrutura original reproduzida em diversas escalas. Não entendo totalmente a lógica do pensamento geométrico, nem essa explicação que dei é suficiente, mas mesmo assim. tem algo que quero ressaltar. Essa teoria que é aparentemente abstrata e ligada a matemática/geometria, é uma estrutura muito presente na natureza, no desenvolver das células e de todos organismos vivos em realidade.

Esse vídeo sobre a dinâmica fractal na construção da vida é bem bacana.

http://www.youtube.com/watch?v=ME-bLr7mGL4&feature=player_embedded#!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Gênio Coletivo

A história clássica é chamada de "história dos vultos" por enfocar os indivíduos marcantes como reflexo de uma época, como se a história se desenrolasse apenas pelos grandes personagens, reis, lords, papas (aqui no brasil muitos coronéis) e outras figuras notórias. Hoje essa abordagem é considerada ultrapassada em relação a outra visão chamada de "história social", que enfoca os diversos grupos de uma sociedade e seus movimentos políticos como motor da história.Uma abordagem mais abrangente, portanto.

Essa perspectiva clássica da história reflete também um valor aceito quase totalmente no ocidente, o valor do indivíduo, do mérito pessoal, do gênio. As pessoas costumam adorar biografias grandiosas, histórias particulares de sucesso, o "self-made man" estadounidense. Essa última definição explicita bem o caráter enganoso de tal valor.

Nem o estadounidense nem nenhum outro humano se faz sozinho. Fato constatado em diversos tipos de conhecimento, desde a religião até a ciência: biologia (em especial a ecologia), sociologia e até a física quântica postulam a conexão visceral entre os seres.

Além de não vivermos nem construirmo-nos sozinhos, o fazemos melhor quando reforçamos tais laços.

A tecnologia social e ambiental (dedicada a trabalhar sobre tais laços como fonte de riqueza de vida) ainda tem muito a oferecer, mas não é alvo de interesse científico/econômico. Existe toda uma cosmovisão que caminha na direção contrária e defende o individualismo e a competição como motores de uma sociedade, além de definir-los como valores em si.

Mas repito, não há gênio competidor e individualista que concorra contra o grande gênio coletivo.

Um exemplo disso foi a recente pesquisa publicada na Nature Structural & Molecular Biology que mostra que uma pesquisa de modelagem de uma proteína que vinha sendo desenvolvida durante uma década por cientistas de instituições privadas não conseguiu o resultado que gamers conseguiram em 3 semanas. Explica-se: foi criado um jogo on-line onde os jogadores podiam modelar uma proteína. O programa indicava quando se chegava a uma modelagem possível, e em 3 semanas esses jogadores fizeram o que cientistas de um grupo fechado (capitaneados por algum individuo que levaria a maior parte dos créditos pela pesquisa) não conseguiram em uma década. Essa pesquisa se relaciona a busca pela cura da AIDS, tema sério.

A internet muitas vezes tem sido motor para tais interações: primavera árabe, wikileaks, ficha limpa, entre outras criações coletivas que vem mostrando sua força e importância.

Quando penso nessas coisas penso também: ainda faz sentido a lógica do copyright? A quem ela beneficia? Quem pode deter o gênio coletivo?

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sobre ser vivo

Link pra vídeo bacana que homenageia ativistas que lutaram pela causa ecológica, mostrando facetas belas do nosso planeta-lar e mostrando também como a nossa espécie humana agride as outras de maneira brutal.


http://www.youtube.com/watch?v=nGeXdv-uPaw&feature=player_embedded

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A revolução em andamento na Islândia

Link para a matéria do blog "Contexto livre" sobre acontecimentos recentes em Islândia que não são noticiadas pelos grandes veículos de informação. Vale checar: http://contextolivre.blogspot.com/2011/09/revolucao-em-andamento-na-islandia.html?spref=fb

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Catequese

Um dos elementos utilizado na conquista dos povos latinos pelos ibéricos católicos foi a dominação cultural. Seus agentes realizaram tal obra com esmero e competência, os Jesuítas, tiveram importância estratégica no lidar com as populações indígenas. Diferente do tratamento usual dado pelos colonizadores (violência e escravidão) os jesuítas incluiam um elemento humanitário na relação e consideravam sua missão levar a "luz de deus" para esses povos através da catequese. Instalando um regime hierárquico porém com alguma qualidade de vida material e inclusão simbólica. Isso não deixa de ser progressista num contexto onde a igreja debatia se índios eram ou não possuidores de alma.

Realmente não duvido que fossem homens de fé.

Porém isso não muda (pra mim) seu papel político. Pois, através do inculcamento dos valores católicos nos indígenas, os inseriu numa sociedade de uma profundamente desigual hierarquia e fizeram com que esses perdessem sua cultura, sua sabedoria, seus modos desenvolvidos numa experiência social milenar nessas terras. Claro que a dinâmica da vida permitiu que parte dessa cultura se mantivesse através do sincretismo (sábio truque simbólico dos povos excluidos), e outras formas dinâmicas de interação cultural. Os próprios jesuítas incentivavam tal empresa híbrida, por um lado entendendo que ao mesclar elementos da cultura indígena naquele neo-catolicismo americano, estariam criando laços mais fortes e duradouros, e por outro, reconhecendo parcialmente o conhecimento indígena sobre o território e seus usos.

A dominação cultural continua sendo um mecanismo utilizado no jogo político das sociedades, e quantos catequisadores! Um tanto de gente querendo ensinar o "caminho certo" e se beneficiando nesse processo. Fazendo a equação política de transformar o interesse A (pessoal) em interesse B (social) e utilizando as forças sociais para projetos pessoais de poder, convencendo de que isto é o caminho do "progresso". E pastores e padres, entre outros, fazem o malabarismo de manter a dominação baseada na "magia" no oculto, em um deus abstrato e maleável...fazer isso em tempos da rainha ciência e do rei método é certamente surpreendente.

Assim mantém-se padres da magia, da ciência, do desenvolvimento...todos advogando por uma causa própria em nome de todos, mas quem realmente se beneficia com isso?

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Milagre dos peixes (ou BRASIX)

Na época em que nosso país era dominado pela ditadura militar, um dos cerceamentos impostos pelo governo era o do pensamento, a censura vigorava forte e não se podia criticar aquela realidade com riscos de ser tratado como um "traidor da pátria". Tom Zé já tratava disso na clássica "menina amanhã de manhã" do também clássico disco "estudando o samba", ele dizia sobre a felicidade imposta pelos militares "Menina, ela mete medo menina, ela fecha a roda menina, não tem saída de cima, de banda ou de lado. Menina, olhe pra frente menina, todo cuidado não queira dormir no ponto segure o jogo atenção" ou seja ser feliz era obrigação civil que quando desrespeitada gerava punições.

Os discurso oficiais se baseavam muito na perspectiva "desenvolvimentista" do governo militar que delirava em sonhos de grandeza e industrialização do país. A própria definição do que é desenvolvimento e suas possibilidades dariam livros e livros..no entanto aqui só quero lembrar que existem outras lógicas e percepções do que seja desenvolvimento além da vertente industrializante.

Existiam no país pessoas que discordavam desta tal postura, do sonho do "milagre econômico" que discordavam em relação a industrialização e a urbanização como sendo as chaves para o futuro desta terra. Uma destas pessoas era Milton Nascimento que gravou um lindo álbum, que, extremamente crítico, foi censurado. Este álbum se chamava Milagre dos Peixes (1973).

Ao ter 8 das 11 letras vetadas, Milton criou um artifício prodigioso, que mudaria sua carreira. Decidiu gravar todas as músicas, usando sua voz como um instrumento nas faixas que haviam sido censuradas.

Curiosamente uma das músicas mais críticas (Milagre dos Peixes) não foi censurada, alguns creditam isso a uma burrice da censura , outras acham que a critica era tão profunda que passou desapercebida pelos censores que cortaram "Escravos de Jó" essa sim, obviamente crítica ao regime. Na música título do álbum Milton critica o sonho do desenvolvimentismo industrial contrapondo a este o "milagre dos peixes". Defende assim a riqueza da natureza como a maior de todas e a necessidade de se preservá-la.

Andando 40 anos na história brasileira vemos os ecos angustiantes de Milton soarem novamente, o mito do desenvolvimento voltou com força ao Brasil. O empresário Eike Batista representa bem o mito renovado do desenvolvimento industrial. Ele, que, filho de ministro do governo milico, sonha em ser o homem mais rico do mundo através do comércio de nossas riquezas naturais. Mas... qual seu objetivo com isso? Não sei. Mas não em espantaria em ver ele se candidatando a presidente e propondo a mudança do nome do país para BRASIX, como se sabe o garoto rico tem a superstição de colocar X no fim do nome de todas suas empresas, acreditando que assim os lucros irão se multiplicar.

Queremos um país de números impactantes ou um país que proporcione qualidade de vida para seus habitantes? Independente da resposta, estamos diante de diferentes projetos de nação, que não são totalmente conciliáveis, na minha opnião. O imperativo do lucro não divide o pódio com ninguém, difícil pensar que este consideraria a natureza ou as pessoas.

A maior riqueza de um país é seu povo e sua terra, mas se continuarem abrindo buracos em todo o lado, poluindo todas as águas, tentando transformar tudo num inferno urbano, o que restará a nós que continuaremos habitando este território (diferente de empresas mineradoras p exemplo)? Qual será o preço que estamos colocando na conta do futuro? Teremos um milagre dos peixes ou econômico?