quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Domingo de sol

O Rio de Janeiro anda passando por tremendas transformações devido aos mega-eventos que lá ocorrerão (Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016), o panorama do conflito urbano dessa metrópole é tenso. Muitos conflitos envolvendo a população e o governo, marcado por um projeto excludente,  "Rio for export".
Vendo esse panorama há alguns anos atrás, pensei em uma das apoteoses possíveis diante daquele cenário.Daí veio esse mini-conto.


-Não podia ser melhor, o apocalipse apoteótico. É incrível que tenha demorado tanto tempo...

Num domingo de sol, a onda veio das praias da zona sul em direção aos morros, nada de onda de mar, salgada, para lavar a alma, um banho de mar final, a onda era de negros. Alguns nem tão negros, mas no meio da muvuca nem faz tanta diferença, poderiam até ser brancos.
O ataque tinha alguma logística, um arrastão em direção ao asfalto, mas a grande verdade é que era uma horda, insana, bárbara para alguns. O tipo de coisa que é feita geralmente por quem não pode mais ficar acomodado, o risco da morte é um preço mais barato do que o inferno diário. De qualquer forma lavo as mãos, estava fora da cidade visitando minha vó no interior das minas gerais.
Bom, o massacre foi grande, a polícia tinha se preparado,e os pobres derramaram sangue dos ricos e não tão ricos e até dos pobres, é claro. Naquela situação não importava tanto, era cada um por si e deus contra todos. Depois do banho de sangue generalizado o governo tomou prontas providências. Para atingir a paz desejada foi necessário manter um sistemático programa militar, que executou bem sua tarefa, matou e prendeu quem era necessário,e , obviamente, várias outras pessoas também,mantendo o banho de sangue. Foram anos difíceis para a Guanabara. Como seria melhor um banho de mar, salgado...  

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