terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cultura popular x Cultura erudita

O binômio cultura popular x cultura erudita é uma tensão muito presente em discussões acadêmicas que estudam a cultura, quem são esses extratos sociais (erudito e popular)? Qual o significado dessa divisão? Existe intercâmbio entre elas? De que tipo?

Só alguns exemplos do rol de perguntas que se apresentam em geral.

Crescentemente tem se falado em termos como "descentramento do sujeito", e da desconstrução das identidades nacionais, dentre outras. Não conheço nenhum trabalho de acadêmico que fale desses processos em relação as tais cultura popular e erudita. Pessoalmente acho (sensação/intuição mesmo) que são termos em decadência, sobretudo devido a circulação abundante da informação (muitas vezes mal usada inclusive).

Mas uma coisa eu sei sobre isso, quando eu vi esse moleque fazendo o que ele faz, vi que ele ensina na prática, como é possivel se mover entre esses dois conceitos "quadrados" da teoria cultural. Vira-lata típico, no melhor sentido da palavra. Adaptando-se e criando num quadro social bem desfavorável, usando o "outro" como adubo, usando si mesmo como cimento. Da periferia de são paulo, sem pai, sem grana, pega a cultura clássica, a mastiga e regurgita sua própria interpretação, mais um antropófago nativo.
O programa é toscão e tal, uma das milhões de versões do programa americano "American Idol", chamado "Se ela dança eu danço" do SBT. O garoto John Lennon da Silva a princípio é inquirido sobre suas roupas e sobre sua consciência a respeito da obra que iria interpretar. Do descrédito à surpresa, ele deixa os jurados de cara com sua invenção, juntando dança de rua e dança clássica num improvável novo híbrido.

Saca só: http://www.youtube.com/watch?v=MceKWv9V-Yw

5 comentários:

  1. Arte é arte. Não tem dessa de popular ou erudita. Agora o que é arte, aí eu já não sei.

    Agora esses programas de TV... ah não tenho paciência! O problema não tá na dança do menino, não mesmo. Mas esses apresentadores, essas piadinhas insossas, esse choro e essa comoção não me convencem.

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  2. Eu acredito na divisão histórica entre cultura popular x erudita em função da origem social das práticas artísticas, mas a tecnologia e a comunicação estão gradativamente igualando tudo, ainda bem! Mas vc duvida que existam pessoas que só gostem das "artes eruditas", balé, música clássica e afins..?
    Acho que é esse o perfil de muita gente, inclusive do programa tosco, pautado em critérios "técnicos" e "objetivos" que foi obrigado a aceitar algo diferente e novo, uma espécie de balé de rua, sem a pompa e o protocolo oficial...se tudo foi armado? Não sei, de qq maneira certamente foi um bom enredo.

    abraço

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  3. Pois acredito no revolucionarismo do trabalho do garoto... neste novo hibrido, e espero que o JL da Silva chame para si esta bandeira, incentive novos trabalhos e torne a arte mais contemplativa... isto é, AOS OLHOS DE TODOS! Desde o Municipal aos arcos da Lapa...
    Só espero que os algozes da pós-modernidade (ó meu Deus!) não o corrompam e façam dele mais um cocô exposto num museu de arte moderna!

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  4. Sim, tem essa divisão histórica. Mas o próprio Lúcio Costa se opôs a ela no século passado. Agora nesse módulo de aulas eu cato esse livro de qualquer jeito. O livro é uma excelente coletânea do Lúcio que por ter tido suas ediçoes esgotadas, tá custando pra lá de 100 pila e eu ainda não tive desprendimento pra comprá-lo.

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  5. O lucio costa é? Curioso para entender o que é "se opor" a essa divisão na perspectiva do lucio costa..essa eu pago pra ver (não 100 conto né?)!

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